Uma das dietas mais populares para perda de peso, a low carb, pode estar associada a um risco maior de desenvolver câncer colorretal, segundo um estudo publicado no dia 3 de março na revista Nature Microbiology.
Pesquisadores analisaram os efeitos de três tipos de dietas no desenvolvimento do câncer colorretal: uma dieta convencional, uma low carb e uma dieta ocidental, rica em gordura e açúcar. Os resultados apontaram que uma única cepa da bactéria Escherichia coli (E. coli), combinada com uma dieta baixa em carboidratos e pobre em fibras solúveis, estimulou o crescimento de pólipos no cólon. Esses pólipos podem ser precursores do câncer.
“O câncer colorretal sempre foi considerado como resultado de uma combinação de fatores, incluindo dieta, microbioma intestinal, ambiente e genética”, explica Alberto Martin, professor e autor sênior do estudo. “Nossa investigação teve como foco entender se a dieta influencia a capacidade de certas bactérias de causar câncer.”
O estudo revelou que apenas a combinação entre a dieta low carb e a cepa de E. coli levou ao desenvolvimento do câncer colorretal. Isso ocorre porque essa cepa produz colibactina, um composto que danifica o DNA das células intestinais. Além disso, dietas com baixo teor de carboidratos foram associadas a uma camada mais fina de muco protetor no intestino, facilitando a ação prejudicial da colibactina.
Outro achado relevante foi que a deficiência de fibras solúveis na dieta aumentou a inflamação intestinal e alterou a composição da microbiota, favorecendo o crescimento da E. coli produtora de colibactina. O efeito foi ainda mais expressivo em indivíduos com mutações genéticas que afetam a capacidade de reparar danos no DNA, como é o caso da síndrome de Lynch, uma condição hereditária que aumenta significativamente o risco de câncer colorretal.
Os cientistas sugerem que evitar dietas low carb ou utilizar antibóticos específicos para eliminar bactérias produtoras de colibactina pode reduzir o risco de desenvolver câncer colorretal, especialmente em pessoas com predisposição genética.
Um dos aspectos positivos encontrados no estudo foi que a adição de fibras solúveis à dieta low carb resultou em menores níveis de E. coli nociva, menos tumores e menos danos ao DNA. “Nós suplementamos fibras e observamos uma redução significativa nos efeitos negativos da dieta low carb”, afirma Bhupesh Thakur, líder do estudo. Agora, os pesquisadores investigam quais fontes de fibras são mais eficazes para mitigar esses riscos.
A ACPAC reforça a importância de um acompanhamento nutricional adequado para pacientes oncológicos e para a população em geral. Uma alimentação equilibrada, rica em fibras e nutrientes essenciais, pode desempenhar um papel fundamental na prevenção do câncer. Nosso compromisso é informar e conscientizar sobre hábitos saudáveis que contribuam para uma vida mais longa e com qualidade.
Fonte: CNN Brasil