Um novo estudo da agência especializada em câncer da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado na revista The Lancet Respiratory Medicine, revelou que o câncer de pulmão tem aumentado entre mulheres que nunca fumaram. O adenocarcinoma, tipo mais comum da doença entre não fumantes, representa cerca de 60% dos casos em mulheres, comparado a 45% nos homens.
Fatores ambientais e genéticos
A pesquisa destaca que a poluição do ar é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão em não fumantes. Partículas microscópicas conhecidas como PM2,5 podem desencadear mutações genéticas, como no gene EGFR, que está presente em uma alta porcentagem dos casos de adenocarcinoma. Além disso, mutações nos genes ALK, ROS1, TP53 e KRAS têm sido observadas com maior frequência em mulheres.
A influência dos hormônios
O estudo também aponta que os hormônios femininos podem influenciar o crescimento do tumor. O estrogênio, por exemplo, interage com mutações no gene TP53, aumentando a probabilidade de desenvolvimento do câncer. Por outro lado, mulheres que realizam terapia de reposição hormonal (TRH) parecem ter um risco reduzido da doença, indicando uma relação complexa entre os níveis hormonais e o câncer de pulmão.
Inflamação crônica e doenças autoimunes
As mulheres também apresentam maior propensão a doenças autoimunes, como artrite reumatoide e lúpus, o que pode aumentar a inflamação crônica e contribuir para o desenvolvimento de tumores. Estudos indicam que a inflamação persistente pode causar danos ao DNA, promovendo o crescimento descontrolado das células cancerígenas.
Exposição a poluentes
As mulheres podem estar mais expostas a poluentes de diferentes formas. Enquanto os homens são mais afetados por poluição industrial e ocupacional, as mulheres frequentemente lidam com poluição doméstica, como fumaça de cozinhas a lenha e produtos químicos tóxicos em ambientes internos. Essa exposição aumenta ainda mais os riscos de doenças pulmonares graves.
Conscientização e prevenção
Diante desse cenário, é fundamental ampliar as medidas de prevenção e conscientização sobre o impacto da poluição e das doenças autoimunes na saúde pulmonar. Políticas públicas para reduzir a poluição, campanhas de diagnóstico precoce e investimento em pesquisas genéticas são essenciais para combater o avanço da doença.
Fonte:
Este artigo foi baseado no estudo publicado pela The Lancet Respiratory Medicine e em informações do portal The Conversation e G1.