Câncer de esôfago

No Brasil, o câncer de esôfago (tubo que liga a garganta ao estômago) é o sexto mais frequente entre os homens e o 15º entre as mulheres, excetuando-se o câncer de pele não melanoma. É o oitavo mais frequente no mundo e a incidência em homens é cerca de duas vezes maior do que em mulheres.

O tipo de câncer de esôfago mais frequente é o carcinoma epidermoide escamoso, responsável por 96% dos casos. Outro tipo, o adenocarcinoma, vem aumentando significativamente.

Atenção: A informação existente neste portal pretende apoiar e não substituir a consulta médica. Procure sempre uma avaliação pessoal com o Serviço de Saúde.

  • Estimativa de novos casos: 10.790, sendo 8.240 homens e 2.550 mulheres (2018 – INCA);
  • Número de mortes: 8.402, sendo 6.525 homens e 1.876 mulheres (2015 – Atlas de Mortalidade por Câncer).
  1. O consumo frequente de bebidas muito quentes como chimarrão, chá e café, em temperatura de 65ºC ou mais, pode levar ao câncer de esôfago;
  2. O consumo de bebidas alcoólicas pode causar câncer de esôfago, não havendo níveis seguros de ingestão.
É importante destacar que, não só o consumo regular, como também o consumo excessivo e esporádico de qualquer tipo de bebida alcóolica.
  1. O excesso de gordura corporal favorece o desenvolvimento de câncer de esôfago. A obesidade também facilita o desenvolvimento da doença do refluxo gastroesofagiano (DRGE), importante fator de risco para o desenvolvimento da doença;
  2. Consumo de carnes processadas (exemplo: salsicha, presunto, blanquette de peru, entre outros);
  3. O tabagismo isoladamente é responsável por 25% dos casos de câncer de esôfago. O risco aumenta rapidamente com a quantidade de cigarros consumida. Mesmo as pessoas que já fumaram, mas interromperam, possuem risco aumentado de desenvolver este câncer quando comparadas aos que nunca fumaram;
  4. Estão associadas à maior incidência desse tumor história pessoal de câncer de cabeça, pescoço ou pulmão;
  5. Infecção pelo Papilomavírus humano (HPV);
  6. Tilose (espessamento da pele nas palmas das mãos e na planta dos pés);
  7. Acalasia (falta de relaxamento do esfíncter entre o esôfago e o estômago);
  8. Esôfago de Barrett (crescimento anormal de células do tipo colunar para dentro do esôfago); 
  9. Lesões cáusticas (queimaduras) no esôfago;
  10. Síndrome de Plummer-Vinson (deficiência de ferro);
  11. Exposição a poeiras da construção civil, de carvão e de metal, vapores de combustíveis fósseis, óleo mineral, herbicidas, ácido sulfúrico e negro de fumo está associada ao desenvolvimento de câncer de esôfago;
  12. Os trabalhadores da construção civil, metalurgia, indústria de couro, eletrônica, mineração e agricultura, engenheiros eletricistas, mecânicos, extratores de petróleo, motoristas de veículos a motor, trabalhadores de lavanderias/lavagem a seco e serviços gerais podem apresentar risco aumentado de desenvolvimento da doença.
  1. Não fumar e não se expor ao tabagismo passivo. Parar de fumar sempre vale a pena em qualquer momento da vida, mesmo que o fumante já esteja com alguma doença causada pelo tabagismo;
  2. Evitar o consumo bebidas alcoólicas;
  3. Comer mais frutas e vegetais e menos carne vermelha e gorduras;
  4. Manter o peso corporal adequado;
  5. Identificar e tratar a doença do refluxo gastroesofagiano (DRGE);
  6. Consumir bebidas quentes como chimarrão, café e chá em temperaturas inferiores a 60ºC. Para garantir a temperatura adequada para consumo, após o preparo, deve-se esperar em torno de cinco minutos para ingerir a bebida;
  7. Fazer atividade física;
  8. Utilizar camisinha durante a relação sexual.
Em sua fase inicial, o câncer de esôfago não apresenta sinais. Porém, com a progressão da doença, podem surgir sintomas tais como:
  1. Dificuldade ou dor ao engolir; 
  2. Dor retroesternal (atrás do osso do meio do peito);
  3. Dor torácica;
  4. Sensação de obstrução à passagem do alimento;
  5. Náuseas, vômitos e perda do apetite.
Na maioria das vezes, a dificuldade de engolir (disfagia) já sinaliza doença em estado avançado. A disfagia progride de alimentos sólidos até pastosos e líquidos. A perda de peso pode chegar a até 10% do peso corporal.
A detecção precoce do câncer é uma estratégia para encontrar um tumor em fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de tratamento.
A detecção pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce), ou com o uso de exames periódicos em pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento), mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença. Não há evidência científica de que o rastreamento do câncer de esôfago traga mais benefícios do que riscos e, portanto, até o momento, ele não é recomendado.
Já o diagnóstico precoce desse tipo de câncer é possível em apenas parte dos casos, pois a maioria só apresenta sinais e sintomas em fases mais avançadas da doença. Os sinais e sintomas mais comuns e que devem ser investigados são: dificuldade em engolir, refluxo, dor epigástrica (parte alta do abdômen) e perda de peso.
Na maior parte das vezes, esses sintomas não são causados por câncer, mas é importante que eles sejam investigados por um médico, principalmente se não melhorarem em poucos dias.
É feito por meio da endoscopia digestiva, um exame que investiga o interior do tubo digestivo e que permite a realização de biópsias para confirmação do diagnóstico. Quando o tumor é detectado precocemente, as chances de cura aumentam muito.
De forma geral, o tratamento pode ser feito com cirurgia, radioterapia e quimioterapia, de forma isolada ou combinada, de acordo com o estágio da doença e das condições clínicas do paciente. Casos selecionados de tumores iniciais podem ser tratados por ressecção local durante a endoscopia, sem a necessidade de procedimento cirúrgico formal.
Nos casos onde o objetivo é a cura, os pacientes são inicialmente submetidos a um tratamento combinado com quimioterapia e radioterapia, e posteriormente é feita a cirurgia. Para os tumores muito avançados ou no caso de pacientes muito debilitados, o tratamento tem caráter paliativo (sem finalidade curativa) e é feito por radioterapia combinada ou não à quimioterapia.
No leque de cuidados paliativos também encontram-se disponíveis as dilatações com endoscopia, colocação de próteses autoexpansivas (para impedir o estreitamento do esôfago) e braquiterapia (radioterapia com sementes radioativas).